O Inferno de Sete Rios

Após passar uma semana inteira a pensar que ia sair à 1h da tarde na sexta-feira, eis que me recordam que tinha de assistir à primeira aula de Investigação Científica em MGF, nada mais, nada menos, que das 9h30 da manhã até às 5h30 da tarde, num dia em que os termómetros, se não atingiram os 30ºC, devem ter andado lá perto.

Maravilhada com a iniciativa, inscrevi-me na porra da plataforma digital, que os excelentíssimos professores criaram para a ocasião, à última da hora, respondi a um maravilhoso questionário sobre o meu interesse sobre o assunto, que, na escala fornecida, de 1 a 4, seria 0, e, sim, até imprimi a porra das instruções que os excelentíssimos nos deram (e nas quais nos tratavam como débeis mentais) que basicamente diziam: “Escreva o seu nome no espaço em branco após a palavra nome. Depois, carregue com o botãozinho da direita do ratinho, naquele item que diz, seguinte” and so on…

Chegada ao maravilhoso anfiteatro, do Centro de Saúde de Sete Rios (que é o único edifício, que odeio mais que as Twin Towers vizinhas), deparo-me à entrada com a distribuição de mais umas fotocópias daquelas maravilhosas instruções que nos tinham mandado imprimir (just in case!) e com umas folhas com os contactos dos excelentíssimos professores (que também estavam disponíveis na plataforma e pelas quais ficou evidente que os meninos realmente precisam de alguém para falar com eles).

Iniciou-se a tortura por volta das 10 da manhã, o Sr. dos Anéis (excelentíssimo professor catedrático com umas parecenças descomunais com o Gandalf e uma mania brutal que é bom todos os dias) iniciou a sua divagação, explicando durante MEIA HORA, que nós íamos preencher outro questionário. Claro que a Sweet Nono, teve as suas dúvidas (como sempre) e aí foi quando começaram a circular as mensagens de telemóvel: “Cala-me essa gaja senão não saímos daqui”, “ Manda o Vítor tapar-lhe a boca”, tudo adequado a internos de medicina geral e familiar (não confundir com a Escola Secundária Carolina Michaelis). Quando o Sr. Dos Anéis e a Nono, decidiram finalmente calar-se, entra em acção o Bucha, excelentíssimo engenheiro informático (ou também mega nerd, com um grave problema de obesidade) que basicamente nos veio ensinar que se puxarmos um 1 e um 2 no Excel, aquilo nos dá uma lista… (Eia!! Esta é que é muita gira!!) . Claro que a Nono também teve as suas dúvidas sobre este complicadíssimo tema, que claramente foi uma novidade para os 70 presentes.

Não contentes com isto, distribuíram-nos em grupos de 4 pessoas, demorando para tal outra meia hora (porque não… nós não podíamos ficar com os que estavam à frente ou ao lado… O Sr. Dos Anéis é que tinha de dizer com quem é que os meninos se tinham de sentar. Após a elaborada repartição de pessoas, respondemos a 4 perguntas de merda (para não dizer algo pior) e fomos almoçar, não tendo nunca mais na vida nada a ver com aqueles grupos, formados durante meia hora, para existir 5 minutos (e ainda dizem que não existe capacidade de gerir recursos na Saúde, hein!!)

Dos almoços nas Twin Towers já me nego a falar, porque não existe restaurante naquela superfície comercial onde não tenha comido e já estou completamente exausta de ver gajos engravatados a engatar, piscando o olho por detrás da sua espetada de lulas.

Voltando à tortura, eis que os professores contra atacaram! Sacaram as suas estrelas! Ora portanto, um engenheiro agrónomo, pelos vistos, especialista em Estatística, e um engenheiro informático, especialista em sabe lá Deus o quê (confesso que não estava a ouvir). Ora portanto, como os excelentíssimos professores que tinham feito um mestrado, foram-nos apresentados como Mestre Silva e Mestre Baltazar (só faltava o Mestre Maco!). Escusado que será dizer que os mega nerds com ambição a cozinheiro e a rei mago, respectivamente, foram a única razão pela qual me mantive acordada nos momentos pós-prandiais. Não imaginam porquê?

Éramos uma fila inteira a cantar isto em surdina, enquanto os homens falavam do maravilhoso mundo do SPSS.

Já fartos de cantar, resolvemos finalmente ligar o portátil. Para quê? Para ver as fotografias de férias na República Dominicana (que realmente era o sítio onde deveríamos estar) e escolher as fotos dignas de meter na plataforma digital. Sim, porque não vai ser uma foto qualquer a que supere a do Sr. Dos Anéis (aquilo sim é uma verdadeira obra de arte!). Ainda tentei levantar o braço para perguntar se podíamos meter uma foto de corpo inteiro (dúvida bastante mais inteligente que muitas das postas naquela aula) mas a minha parceira do lado não deixou visto que as fotos de corpo inteiro que eu tinha para mostrar, eram as dela.

O martírio continuou, horas a fio, sem intervalo, numa sala que cheirava a pessoa e a trocar mensagens (algumas com fotos da Tróia) a ofender todos os que se dignavam a falar naquela aula (logo atrasando a nossa hora de saída!). Acho que a Nono tentou engatar o Mestre Baltazar, mas este parecia gostar mais do Mestre Silva (afinal… este até é um mestre da culinária!). Do primeiro dia de curso de investigação ficaram-me algumas conclusões:

1. Para a próxima fico bem mais perto da saída
2. Para a próxima levo a almofadinha da Stillnox que me ofereceram e o mp3, só para o caso de não conseguir ficar perto da saída
3. Claramente, o próximo mail que se inicie com “Cara Colega”, é directamente eliminado, porque sem qualquer dúvida não vai ter nenhuma utilidade e eles darão fotocópia depois
4. E esta não é bem uma conclusão pois estou indecisa entre estas 3 fotos para pôr na plataforma. Se não conseguir decidir até este final de semana, amanhã vou ali ao MXL, com um top e uma mini saia e faço a típica pose de domingo à tarde, frente ao rio. lol (acho que esta quase que batia a do Sr. Dos Anéis!)