domingo, junho 21, 2009

Solstício


No Entardecer dos Dias de Verão

"No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fossemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir ... "


Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"


(E para comemorar a chegada do meu tão amado Verão... vim trabalhar 36 horinhas ao HGO, que diz que dá saúde!)

Um comentário:

Anônimo disse...

tadinha...
sempre gostei do guardador de rebanhos.
Margarida