quinta-feira, maio 14, 2009

Do que significa justiça e igualdade, neste país...



No auge da minha nobre profissão (ver post dos pipis), que, desenganem-se os cépticos nem é tão bem paga como se diz (na maioria dos casos), nem confere um estatuto de respeito na sociedade, eis que chegou o tão afamado dia de preencher a declaração do IRS.

E chegado este dia, com o que é que me deparo novamente? Com a linda notícia de que para além do corte mensal que recebo no magro ordenado, que me paga um carro, idas e vindas ao hospital (via A2, claro está!), uma casa na zona altamente chique do Vale do Cobro (Vale du Cobre, para os amigos…) e as suas respectivas despesas, uns ocasionais trapinhos, comida para assegurar as cartucheiras da fertilidade, um ginásio ao qual não tenho tempo de ir e que pouco lhe sobra para cafés, vou ainda ter de pagar ao Estado o triplo do que lhes paguei o ano passado.

Claro que assim que me apareceu este valor no meu Vayo bonito, a primeira reacção foi procurar o colinho do papá, economista de formação e gozão de primeira classe de profissão, que em plena faina de preparação das suas malas para levar para a Turquia (sim, porque há quem tenha dinheiro para ir à Turquia nesta família e claramente não sou eu!) me responde: “Pensa assim filha… Alguém tem de pagar as estradas e as escolas”.

Ora portanto, a tal provocação, aqui vai a minha resposta, (não realizada ao telefone, porque estava demasiado ocupada a chamar-lhe nomes feios):

A estrada por onde ando, pago-a TODOS os dias, 2,7€ no mínimo, diariamente para assegurar que faço pelo menos 5 km nos quais só posso andar a 80 km/h pelas obras intermináveis

As escolas, indubitavelmente, se tornam cada dia mais desnecessárias. Com políticas que favorecem a progressão escolar dos alunos, baseada não nos seus conhecimentos, mas sim nas toneladas de burocracia que teriam de preencher os seus professores caso decidissem chumbar um deles, não me parece que façam falta mais do que as que já cá estão.

Acho justo que quem mais recebe seja quem mais desconta, agora que seja sempre a arraia miúda que tenha de carregar este país nas costas, enquanto o nosso Primeiro Ministro compra uma casa que nem o Papa acredita que tenha custado 48 mil contos, já me custa mais a tragar.

Cumpro as minhas responsabilidades e deveres enquanto cidadã deste país (até porque depois de escrever isto, não me resta mais nada que submeter a minha declaração, pagar e calar!), mas triste e revoltante é pensar que estou a pagar, rendimentos mínimos de arruaceiros que andam ali ao lado na Bela Vista a queimar carros, agredir a polícia e a viver do furto e da fama momentânea.

E tendo dito isto, beijinhos, abraços e muitos palhaços. Adeus e até amanhã. Espero acordar com menos azia...

3 comentários:

X disse...

Deixa lá amiga. O dinheiro não trás felicidade... (digo eu na minha inocente pobreza de funcionária pública a ganhar abaixo da sua categoria)

Mary of Cold disse...

Fónix...

Vou-me revoltar, assaltar o Intermarché e incendiar uns carros! Queres vir?

yeahyeahyeah disse...

pronto pronto..em nome do governo,o amigo paga uma travessa de molengos..mas as torradas e as imperiais ficam por tua conta..eheh