Ele está deitado numa maca há 5 dias, em estado de coma.
Foi atropelado enquanto andava de bicicleta.
Não tem identificação e ninguém o procurou.
Não chegam visitas na hora autorizada.
Não tem familiares ou amigos identificados pela polícia.
Não tem identidade reconhecida.
Ele é ninguém.
Mas sendo ele ninguém, foi ele que mais me fez pensar ao longo de todo um domingo de trabalho. Fez-me pensar que somos todos ninguém, sem as pessoas que nos rodeiam.
Sem essas não somos mais que um número numa maca, à qual se administra medicação à hora marcada. Não somos pais, irmãos ou amantes de alguém. Não somos gestores, programadores, professores ou médicos. Não somos portistas, benfiquistas ou vitorianos. Somos, de uma forma crua, fria e assustadora, o masculino não identificado.
Foi atropelado enquanto andava de bicicleta.
Não tem identificação e ninguém o procurou.
Não chegam visitas na hora autorizada.
Não tem familiares ou amigos identificados pela polícia.
Não tem identidade reconhecida.
Ele é ninguém.
Mas sendo ele ninguém, foi ele que mais me fez pensar ao longo de todo um domingo de trabalho. Fez-me pensar que somos todos ninguém, sem as pessoas que nos rodeiam.
Sem essas não somos mais que um número numa maca, à qual se administra medicação à hora marcada. Não somos pais, irmãos ou amantes de alguém. Não somos gestores, programadores, professores ou médicos. Não somos portistas, benfiquistas ou vitorianos. Somos, de uma forma crua, fria e assustadora, o masculino não identificado.